Até o fim do primeiro semestre de 2011, as pequenas e médias empresas brasileiras poderão exportar e importar produtos da Argentina, via Internet, com menos burocracia. Essa é a promessa de Gerson Rolim, diretor executivo da camara-e.net, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, e coordenador nacional do Projeto Mercosul Digital. Isso significa um mercado de aproximadamente 33 milhões de pessoas, juntando-se potenciais clientes brasileiros e argentinos, e transações que podem envolver desde a compra de artesanato e vinhos, até aquisição de mercadorias entre empresas.
O projeto conta com investimento da União Europeia. São 9,6 milhões de euros destinados à promoção de políticas e estratégias que viabilizem a inclusão dos países do Mercosul na chamada Sociedade da Informação. Desse montante, 472 mil euros serão aplicados no fomento ao comércio eletrônico para pequenas e médias empresas do bloco.
O Mercosul Digital prevê ações ao longo de três anos. Nos últimos 12 meses de existência, a negociação política e de viabilidade técnica entre Brasil e Argentina foi a que mais avançou; por isso, a previsão de que se concretize ainda na primeira metade do ano que vem. “O grande ganho não será na questão tributária, mas no desembaraço da importação e exportação, que não é um processo fácil para empresas de pequeno porte”, diz Rolim.
Como aliado nesse processo, o projeto tem os Correios, que possui um modelo de serviço que é referência internacional. “O Exporta Fácil foi desenvolvido com o apoio do governo, ministério e aduana para criar uma exportação simplificada”, explica Lemuel Costa e Silva, analista em comércio eletrônico dos Correios.
Segundo ele, a partir desse modelo, os Correios e também outras empresas concorrentes assumem funções de despachante no processo. “A pessoa precisa apenas preencher um formulário e consegue fazer a exportação no valor de até R$ 50 mil por envio”, diz. Nesse momento, a instituição está prestando consultoria à Argentina para viabilizar a adoção de processos semelhantes e concretizar as transações eletrônicas com o Brasil.
Em relação à tributação, ainda não há como garantir que ela seja eliminada, mas busca-se ao menos estabelecer um teto não tributado igual para todos os países do bloco, ou seja, importações até um determinado valor não terão incidência de impostos. Hoje cada país estabelece um limite diferente.
Segundo Gabriel Casal, coordenador de comércio eletrônico do projeto Mercosul Digital na Argentina, o projeto trará uma padronização de indicadores e de metodologias para comércio eletrônico que possibilitará a entrada das empresas, principalmente as pequenas e médias, neste mercado. “Além disso, oferecerá competências para elaborar o site das empresas, capacidade, velocidade e estabilidade do servidor de web escolhido, capacidade de acesso proporcional à sua capacidade de entrega, infraestrutura de rede, bancos de dados, segurança dos dados armazenados e dos dados dos usuários, suporte a diversas versões e desenvolvedores de browsers”, diz.
Ele lembra que a Argentina possui um consumidor individual bem familiarizado com a compra online. “No que se refere ao comércio eletrônico, encontra-se numa etapa que poderíamos chamar de média. A porcentagem de usuários de Internet no país que faz compras online é de 24% aproximadamente e são responsáveis por uma compra anual de US$ 900 per capita. O ticket médio por compra está por volta de US$ 80”, explica.
Os empreendedores interessados em saber mais sobre as oportunidades no comércio eletrônico poderão ter informações detalhadas sobre o Mercosul Digital e também todas as orientações necessárias para se desenvolver um negócio digital no Ciclo MPE.net. O evento é promovido pela camara-e.net e será realizado amanhã (4) em Londrina (PR), dia 9 no Macapá (AP), dia 11 em Belém (PA) e dia 18 em São Paulo (SP). A programação está no endereço www.ciclo-mpe.net e MercosurDigital.ciclo-mpe.net.
Fonte: Carolina Sanchez Miranda | Valor
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